domingo, 18 de setembro de 2011

A RESPOSTA DE DEUS - 2ª Coríntios 12.7-10

Chegamos no final de mais uma campanha de Quatro Dias de Propósitos. Talvez alguém esteja pensando assim: “Será que Deus responde a minha Oração?”.

Em Apocalipse 8 João viu um “anjo que ficou de pé junto ao altar do Cordeiro com um incensário de ouro na mão, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono, e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos” Vs 3,4

No capítulo 12 desta 2º carta aos Coríntios, Paulo trata de uma das maiores experiências que ele teve com Deus. Ele conta que foi arrebatado até ao céu, até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, palavras que não se podem expressar e que aos homens não eram lícitas referir.


Porém, logo após o relato desta experiência única, ele fala nos versos de 7-10, de outra experiência: uma oração que Deus lhe responde, mas com uma resposta de uma maneira bem diferente ou convencional.

Ele fala de um espinho na carne, que ele declarou ser um mensageiro de satanás, que lhe foi colocado com o propósito de esbofeteá-lo, humilhá-lo, de lhe mostrar a sua situação original, que é de pecador, diante das revelações que Deus lhe havia dado.

Não conseguimos entender bem o que significa esse “espinho” (há alguns dias atrás falei aqui neste texto sobre o tema A Escola da Dor e comentamos que a palavra “espinho”, no grego, é a palavra “skolops”, que pode significar uma “farpa”, “ferrão” ou um próprio “espinho”).

Era esse o sentido que Paulo dava àquilo que o afligia. Não há nenhuma importância que tipo de “espinho” era de fato, o importante aqui é saber que era algo suficientemente desagradável do qual Paulo queria ser liberto, algo que o feria profundamente.

Por três vezes Paulo orou ao Senhor para ficar livre desta aflição. Certamente encontramos nestas orações de Paulo muito zelo e fervor. Porém, diante destas orações, encontramos também uma resposta de Deus que nos traz um grande ensinamento:
1) NEM SEMPRE É COMO QUEREMOS – “A minha graça te basta” – Se a nossa oração não estiver de acordo com a vontade de Deus para a nossa vida, ela é respondida negativamente. Foi o caso aqui de Paulo.

Deus não deu a Paulo uma resposta conforme o seu pedido, mas Deus lhe respondeu segundo a Sua vontade.

Irmãos, sem sombra de dúvida, receber um “não” do Senhor como resposta às nossas orações é a melhor resposta que podemos receber, porque muitas vezes, não sabemos o que realmente estamos pedindo. Nossa visão é pequena, limitada, e por muitas vezes, nossa vontade não é a vontade de Deus.

Paulo via, nas orações, um meio de modificar as coisas; e, de fato, a oração tem esse efeito.

Porém, para aquele que não está desejando que Deus lhe faça a própria vontade, mas a vontade soberana do Senhor em sua vida, esse que busca Deus, ele ora colocando sua vontade particular em harmonia com a vontade de Deus, e, por si mesmas, suas orações são uma forma de submissão à vontade do Senhor.


A resposta de Deus às nossas orações nem sempre é como queremos. Orações que venham prejudicar nossa relação com Deus, ou, prejudicar os planos de Deus para nossa vida, são perigosas. Paulo nos ensina isso, pois a primeira grande regra da oração é não pedir algo contrário à vontade de Deus.

A oração insistente de Paulo não era para escapar da vontade de Deus, mas para conhecê-la e praticá-la

A resposta que ele obteve não foi exatamente a resposta que queria. Desejava livramento de sua aflição. Não há que duvidar que Paulo argumentou com o Senhor de que poderia servi-lo melhor se seu corpo fosse libertado daquela aflição, mas o Senhor Jesus lhe respondeu negativamente.

Quando oramos, precisamos estar prontos entender as respostas de Deus para a nossa vida – Jó 23.3-5

Por três vezes Paulo orou ao Senhor, mas a resposta não foi dada de acordo com o que ele queria.

Calvino: “A razão pela qual, algumas vezes, misericordiosamente Deus se recusa a atender à nossa oração é que Ele sabe de antemão, o que é melhor para nós, mais do que nosso próprio entendimento é capaz de aprender.”

Outra coisa que o Senhor Jesus ensina a Paulo aqui é:

2) SEMPRE A RESPOSTA, MESMO SENDO “NÃO”, É MAIOR DO QUE PEDIMOS – “A Minha graça te basta” – Paulo não recebeu o que tinha pedido ao Senhor, mas recebeu algo muito maior do que o livramento físico, recebeu o livramento espiritual: “A Minha graça te basta” – a graça de Deus estava sobre ele, a graça de Deus permaneceria sobre ele e isso era o suficiente.

Deus mostra a Paulo que as suas aflições não seriam empecilho.

A resposta às suas orações lhe foi assegurada, porque o mais importante é saber que Deus fornece os meios para enfrentarmos as aflições e esse meio é a Sua graça que está em nós, a Sua graça que nos é suficiente.

Era o suficiente para Paulo, ele teria que entender isso. Deus estava lhe respondendo de forma negativa, porém, esse “não” de Deus, era um “sim” para a presença, para a misericórdia, para o cuidado e a proteção de Deus – isso é Sua graça.

O pedido de Paulo lhe foi negado, no entanto, ele recebeu a melhor resposta do que poderia ter imaginado. Paulo dependia, na sua vida e em seu ministério, ele dependia da graça de Deus; é ele mesmo quem declara, “nossa suficiência vem de Deus”.
1º Coríntios 15.9,10
Outra coisa que o Senhor Jesus ensina a Paulo aqui é:

3) É O APERFEIÇOAMENTO DO PODER DE DEUS EM NOSSA VIDA – Paulo foi um instrumento especial do poder de Deus; foi o maior missionário de todos os tempos; o homem que Deus usou para levantar a Sua Igreja no meio dos gentios.

O próprio fato de que ele pode triunfar, a despeito de suas muitas fraquezas, foi uma glória para o poder de Cristo, ele não se tornou grande por sua própria força, mas pelo poder de Deus que se aperfeiçoava em suas fraquezas – “Porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” – Vs 10

Nessa tribulação, nesse “espinho na carne”, Paulo recebeu poder suficiente para tolerar o sofrimento e a tensão. O poder de Deus não pode ajudar e nem mesmo usar o homem auto-suficiente; Mas o poder de Deus “se aperfeiçoa na fraqueza”. Por isso é que Paulo dizia que ou invés de continuar pedindo o livramento da aflição, ele se gloriaria nas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo pudesse repousar mais sobre ele.

Paulo recebeu a resposta à sua oração. Não uma resposta de acordo com sua vontade, mas ele teve uma vitória com Deus em sua oração.

Essa vitória é de natureza espiritual.
A vitória espiritual não depende das condições do corpo e sim das condições da alma e do trabalho que Deus tem feito em nós.

Paulo não encontrou apenas consolo nas palavras de Cristo, mas também encontrou deleite em sua consciência de fraqueza, como ele mesmo diz: “e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” 2º Tm 1.12

CONCLUSÃO: Com base nesta oração de Paulo que lhe trouxe uma grande experiência com Deus, aprendemos que uma resposta negativa da parte de Deus não é uma recusa caprichosa, e que não resulta em qualquer benefício, como um “não” que damos às crianças de vez em quando.

Os homens podem dar respostas negativas a seus semelhantes, ou até mesmo a seus filhos, por motivo de algum capricho, sem qualquer base na razão ou no raciocínio. Mas Deus não é frívolo como o homem. Um “não”, quando vem da parte de Deus, sempre tem algum propósito definido e eficaz.

Não sei qual tem sido o seu clamor diante de Deus. Posso também não saber qual é o “espinho” pelo qual você tem clamado a Deus.

Mas sei que Deus tem ouvido o seu clamor, Deus tem visto as suas lágrimas e sei que Deus tem conhecido a sua dor.

Olhe para o que Deus respondeu a Paulo: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa em sua fraqueza”.

Comece a ver e sentir os seus espinhos dentro da graça de Deus para a sua vida.

Se suas orações não tem tido a resposta que você tanto deseja e espera, olhe para a graça de Deus agindo em você. Essa graça é melhor do que qualquer outra coisa, pois essa graça nos garante a presença, o cuidado, o amor, a proteção de Deus sobre nós.


Amém !

Obs.: Sermão pregado no último dia de Propósito na IPB Luz do Vale em Camboriú, SC

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