sábado, 4 de junho de 2011

Que Rito é Este? Êxodo 12.23-28

Deus toma posse de Seu povo. Todo o capítulo 12 e parte do capítulo 13 de Êxodo traz a história da noite em que Deus desceu para livrar o povo de Israel da escravidão do Egito pelas mãos de Moisés e Arão, usando, para isso, as 10 pragas contra Faraó e o seu povo.

Aqui no capítulo 12 a Bíblia mostra o anúncio da décima praga, que era o seguinte: à meia noite o anjo da morte iria percorrer todas as terras do Egito matando todos os primogênitos.

Porem Deus realizaria grande livramento aos escravos israelitas, o Seu povo. Deus ordenou que, para que fossem salvos do anjo da morte, deveriam celebrar a Páscoa.

Para a celebração da Páscoa, Deus deu ordens específicas a Moisés para que cada família sacrificasse um cordeiro macho, de um ano de idade, sem defeito, sem mancha e deveriam pegar o sangue desse cordeiro e passar em ambas as ombreiras e na verga da porta de cada casa dos Israelitas, desta forma quando o anjo do Senhor viesse ferir os primogênitos, não tocaria na vida de Seu povo.

A palavra "Páscoa" no hebraico significa pesah, passar por cima, passar de largo, poupar. E foi exatamente isso que aconteceu, o Anjo do Senhor feriu todos os primogênitos do Egito e quando via o sangue nas portas, passava por cima das casas dos hebreus.

Aconteceu que, à meia-noite, o anjo da morte enviado pelo Senhor feriu todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, até ao primogênito do maior escravo, e todos os primogênitos dos animais. E, naquela madrugada houve grande desespero no Egito, pois não havia casa em que não houvesse morto; da casa de Faraó até à mais humilde casa, atingindo até os animais: não havia casa em que não houvesse morto. Então, naquela mesma noite, Faraó chamou a Moisés e a Arão e lhes ordenou que saíssem com o povo de Israel do Egito. Saiu, pois, o povo de Deus, liberto da escravidão, livre para servir ao Senhor e gozar de Sua presença, saíram em direção à Terra Prometida.

A partir daquele momento, o povo de Deus deveria celebrar a Páscoa como estatuto perpétuo, como um memorial. Assim quando os seus filhos perguntassem: Que Rito é Este? A Páscoa serviria de testemunha. Porque, na realidade a Páscoa era a celebração da vitória que o Senhor havia dado ao Seu povo.

Para nós, os cristãos, a Páscoa contém um rico simbolismo. O próprio Novo Testamento afirma que as festas judaicas eram sombra de coisas futuras, coisas que haveriam de vir (Cl 2.16,17;Hb 10.1). Portanto, a Páscoa apontava para o sacramento da Ceia do Senhor instituído pelo Senhor Jesus Cristo aos Apóstolos e à Sua Igreja. E a Ceia do Senhor aponta para o sacrifício de Cristo, a morte do Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, onde o Seu sangue, derramado sobre a cruz, é capaz de nos purificar de todo o pecado e nos livrar da morte eterna.

Que Rito é Este? Qual o significado da Páscoa e, consequentemente, a Ceia do Senhor?


1) É INSTRUMENTO DO SENHOR PARA LIVRAR DO DESTRUIDOR – Vs 23 – “...não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir” – Aquela 10ª praga traria muita dor e sofrimento para o povo. Enquanto as outras 9 pragas não tinham causado tanta dor, como: a água estava sendo transformada em sangue, enquanto eram apenas as rãs, piolhos, gafanhotos, mas as pessoas continuavam vivas, podemos dizer que ainda era suportável. Porem, agora, haveria morte. Morte traz consigo a dor, o desespero, o sofrimento, a destruição completa.

Mas o sangue do cordeiro passado na verga da porta e em ambas as ombreiras serviria de proteção para o povo de Deus. Que Rito é Este? É um rito que celebra o livramento da morte, é um rito que promove a liberdade.

Hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor, também podemos fazer a mesma afirmação quando nos perguntam Que Rito é Este?: estamos aqui celebrando o livramento do Destruidor.

Sim, a Bíblia nos ensina que o sangue do Senhor Jesus Cristo nos purifica de todo pecado. Foi preciso que o sangue fosse derramado para que recebêssemos o perdão de nossos pedados. O autor da Carta aos Hebreus nos ensina que sem derramamento de sangue não há remissão de pecados. O sangue de Jesus foi derramado, o sangue de Jesus foi passado em nosso coração.

“Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” Hb 9.13,14

Que Rito é Este? É o instrumento de Deus para nos dar a libertação da escravidão do pecado.


2) É ALIANÇA PERPETUA DE DEUS – Vs 24 - Aliança significa pacto, acordo, ajuste, concerto. Naquele momento ali no Egito, quando o povo de Israel estivesse celebrando a sua 1º Páscoa, Deus estaria afirmando Sua aliança com o povo. Uma aliança que jamais poderia ser quebrada, pois essa aliança partiu do próprio Deus, de Sua fidelidade, de Sua Palavra imutável, e não da vontade humana.

Essa aliança consistia em celebração da Páscoa para sempre, por parte dos judeus, relembrando a libertação da escravidão do Egito, e a promessa da parte de Deus de continuar a derramar as Suas bênçãos sobre o Seu povo.

Assim como a páscoa se tornou como estatuto para sempre para o povo de Deus, ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus também a tornou como uma Nova Aliança que deveria ser observada e cumprida para sempre – 1º Coríntios 11.23-26

Paulo nos ensina que devemos celebrar a Ceia do Senhor sempre, pois ela traz à lembrança a nossa libertação da escravidão do pecado. E Paulo também nos ensina que ela deve ser celebrada até a volta de Jesus. Portanto, assim como Deus declarou aos judeus que a Páscoa deveria ser como um estatuto para sempre em suas vidas, a Ceia do Senhor, também é uma aliança perpétua de Deus conosco.

Quando o povo de Israel celebrava a Páscoa, quando ela era ensinada aos seus filhos, era passado de geração para geração o seu significado, isto é, o sangue do cordeiro imolado que foi derramado e passado nos umbrais da porta que serviu de libertação do povo da escravidão.

Hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor também relembramos aquele momento em que o sangue precioso do Senhor Jesus Cristo foi derramado na cruz. Aquele sangue era a Nova Aliança que Deus estava realizando conosco, um novo pacto, um novo concerto. E nesse novo concerto, Deus traz a promessa de perdão de pecados, a promessa de vida eterna.

Que Rito é Este? É uma Nova Aliança, um novo pacto onde Deus nos concede, mediante o sangue de Jesus Cristo, uma nova vida, uma vida eterna com Ele na glória.


3) LEVA O POVO A ADORAÇÃO – Vs 27 – “O povo se inclinou e adorou” – Essa foi uma atitude que demonstrou que o povo, naquele momento ali, reconheceu o poder e o agir de Deus. O povo se inclinou diante do Senhor. Já haviam se passado 400 anos que estavam sofrendo horrores no Egito, sendo espezinhados, maltratados, sofrendo discriminação. Agora veio a libertação, agora podiam se felizes, seriam reconhecidos como seres humanos e, melhor ainda, tinha Deus ao seu lado. O povo se prostrou em adoração.

Eles estavam vivendo uma nova situação em suas vidas; para eles indicava o início de uma nova dispensação onde o poder de Deus e a Sua a graça se destacavam. Naquele dia, o povo de Israel tinha sido libertado. Naquele dia, começaram sua jornada para a conquista da Terra Prometida. Gratidão e devoção deveriam ser resultados por todas as gerações. Gratidão e devoção a Deus deveriam existir no coração de cada israelita e de toda a sua descendência por reconhecimento da ação misericordiosa e poderosa de Deus contra a escravidão no Egito e contra Faraó.

Esse mesmo sentimento devemos ter quando celebramos a Ceia do Senhor: Adoração.

O apostolo Paulo nos ensina que Jesus, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”. (Fl 2.6-8) – Essa humilhação de Jesus, o deixar a Sua glória, assumir a nossa forma humana, levar sobre si no peso do madeiro todo o nosso pecado e morrer na mais infame morte, a morte de cruz, deve nos levar a nos inclinar diante dele em adoração eternamente. Não há amor maior do que este.

Que Rito é Este? É o sacrifício de Cristo que nos liberta de todo o pecado, é o motivo de nossa adoração, é o motivo de nosso reconhecimento do Seu grande amor para com os pecadores.

CONCLUSÃO - Ex 13.11-16 – “sinal na tua mão e por frontais entre os teus olhos” – Era algo que o povo jamais deveria se esquecer. Em todos os anos em que se comemoraria a saída do Egito, a Páscoa deveria ser celebrada, isto por todas as gerações. Então isso significa que jamais o povo de Israel deveria deixar de celebrar a Páscoa.

Mas não foi o que aconteceu. O povo tomou posse da Terra Prometida, se envolveu, se misturou com os moradores que restauram naquela terra, se prostituiu com o seus deuses e sempre estava distanciado de Deus. Com isso, por muitas gerações, a Páscoa foi esquecida. Somente quando Deus levantava um profeta ou um rei conforme o coração de Deus, é que o povo era trazido de volta ao cumprimento de seus deveres para com o Senhor e daí, celebravam Páscoa como relembrança das bênçãos de Deus.

Hoje também não é diferente. A Ceia do Senhor deve ser celebrada por todos os cristãos até à volta do Senhor Jesus Cristo. Mas, o povo tem se esquecido do quanto este rito é importante para a nossa alma, para a nossa comunhão com Deus. E, por motivos banais, ou por se misturar com o povo do mundo e viver numa prática pecaminosa, muitos se afastam desta celebração e, assim, perdem as bênçãos do Senhor em sua vida.

Que Rito é Este? É o rito da nossa vitoria, é o rito da nossa libertação da escravidão do pecado, do inferno, é o rito da nossa salvação, da vida eterna.

Amém!

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